Detalhamento dos Descritores de leitura e escrita.
Segue a continuação deste arquivo Matriz de referência proposta para Leitura e Escrita.
D01. Identificar
letras do alfabeto.
Uma das capacidades que o alfabetizando deve revelar desde
muito cedo para aprender a ler é conhecer as letras do alfabeto. Muitas vezes,
o adulto conhece algumas letras isoladamente, ou, às vezes, recita de cor as
letras na sequencia do alfabeto, mas não sabe reconhecer a que letra
corresponde cada desenho. Para verificar se seu aluno sabe identificar as letras,
você pode apresentar um conjunto de letras fora da ordem do alfabeto e pedir
que ele diga quais são.
EXEMPLO:
Que letras são essas? N, O, R, S. Pode também apresentar uma
sequencia de letras e pedir que o aluno risque uma ou duas dessas letras que
você ditar: veja o conjunto de letras: A, C, D, E, L M, B. Risque a letra D.
D02. Conhecer as
direções da escrita
Na nossa língua, a escrita é registrada da esquerda para a
direita e de cima para baixo. Alunos que não estão acostumados com objetos de
escrita não sabem disso. Muitas vezes não sabem como abrir um livro ou um
jornal, como usar a página do caderno. É importante, no caso da direção da
linha, que o aluno perceba o papel das margens esquerda e direita, pois é em
relação a elas que o alfabetizando tende a definir a direção. Os alunos precisam
então, desde as aulas iniciais, aprender a usar a frente e o verso da folha,
aprender que a direção da escrita é da esquerda para a direita e de cima para
baixo, a se orientar na leitura de um livro, de uma revista, de um jornal. Para
avaliar essa capacidade você pode pedir ao aluno para passar o dedo mostrando a
direção de onde começa uma frase escrita, para marcar onde a palavra começa e
onde termina.
EXEMPLO:
Risque onde começamos a ler a frase: “O ônibus saiu da
rodoviária”.
D03. Diferenciar
letras de outros sinais gráficos, como os números, sinais de pontuação ou de
outros sistemas de representação.
Essa é uma capacidade que o aluno precisa dominar logo no
início do processo de alfabetização. Ele precisa saber que, quando escrevemos,
não usamos somente letras, mas que outros sinais gráficos são empregados, cada
um com uma função. No momento inicial da escrita, não se trata ainda de saber
qual a função de cada sinal, mas de verificar se o alfabetizando distingue
letras de números e de outros sinais gráficos, como pontuação, acentuação, aspas
etc. É também importante verificar se distingue a “escrita” de outras formas de
representação como o desenho, placas de trânsito, por exemplo.
EXEMPLO:
Para verificar se o aluno tem essa capacidade, você pode
colocar várias opções que misturem diversos sinais e apenas uma só com letras e
perguntar: Em que opção aparece somente letras?
D04. Identificar, ao
ouvir uma palavra, o número de sílabas.
Trata-se de uma importante competência para a alfabetização,
pois a sílaba é a principal unidade sobre a qual opera o alfabetizando. É
importante que, ao pronunciar a palavra, o professor não acentue excessivamente
essas unidades. Isto é, que não fale sílaba por sílaba muito separadamente, mas
que leia a palavra normalmente.
EXEMPLO:
Para verificar essa habilidade você pode dizer: Escreva
quantas sílabas tem a palavra EMPREGO. É importante entender que essa
capacidade é de ouvir, então, você precisa ler a palavra, para que o aluno
reconheça quantas sílabas ela tem, sem ver a palavra escrita, apenas ouvindo-a.
D05. Identificar, ao
ouvir palavras diferentes, sílabas semelhantes.
Essa capacidade é muito importante na alfabetização. Dizemos
que o aluno desenvolveu consciência fonológica se ele consegue saber que sílaba
ele ouviu.
EXEMPLO:
1)Falar um conjunto de palavras como: ALEMÃO, CRIANÇA, LIMÃO
e perguntar: Que palavras terminam com a mesma sílaba?
2)Pedir para que o aluno escreva palavras que rimem: escreva
uma palavra que rime com
BELEZA. É importante levar em conta a posição da sílaba: no
início de palavra, no fi m e, no meio da palavra.
3)Risque as palavras que têm a mesma sílaba no meio. Ou,
então: risque as palavras que começam com a mesma sílaba. Novamente, vale
lembrar que você, professor, tem de ler a palavra para o aluno. Por que, neste
momento, está verificando a capacidade de ouvir e reconhecer as sílabas da
língua. O trabalho com parlendas, cantigas, trava-línguas e poemas pode
desenvolver essa habilidade porque esses textos trazem rimas e sílabas
parecidas.
D06. Distinguir, como
leitor, diferentes tipos de letras.
Reconhecer que as letras podem ser desenhadas de formas
diferentes, é uma capacidade bastante avançada. letras em caixa alta (como em
BRASIL) são muito usadas nas placas, nos jornais. Além disso, o traçado delas é
mais fácil porque as letras vêm isoladas. Por isso, muitos alfabetizadores
preferem usar esse tipo de letra na alfabetização. Mas há alfabetizadores que
preferem utilizar a letra cursiva (Brasil), há aqueles que usam simultaneamente
letras maiúscula e minúscula; outros utilizam apenas a de imprensa maiúscula
(só mais tarde introduzindo a imprensa minúscula e a cursiva). O importante é
que você mostre ao seu aluno que há vários tipos de letras. Ele vai aprender,
primeiro, a distinguir como leitor os diferentes tipos de letra, depois ele vai
aprender a escrever usando os diferentes tipos de letra. Exponha o alfabeto em
cartazes mostrando as diferentes formas de desenhar uma mesma letra e pregue na
sala. (C, c)
EXEMPLO:
Veja as fichas: MARTELO, CADEIRA, MESA, lápis, caneta,
martelo. Risque onde a mesma palavra aparece com letra diferente.
D07. Demonstrar conhecimentos sobre a escrita do próprio nome.
A escrita do próprio nome (completo ou incompleto; com erros
ou sem erros) já serviu de critério de alfabetização e representa, ainda hoje,
um importante aspecto do processo de aprendizado da língua escrita. Quando os
alunos chegam à escola, eles se sentem motivados a escrever o próprio nome. Às
vezes, eles já conseguem escrever o primeiro nome ou parte dele. No princípio
eles vão aprender a copiar o nome, a fazer o desenho das letras. Essa é uma
aprendizagem mecânica. Aos poucos, no entanto, à medida que for se
alfabetizando, vai aprender a reconhecer o valor de cada uma das letras. Tarefas
que envolvam a montagem e desmontagem do próprio nome podem ajudar nessa aprendizagem.
Para verificar se o aluno sabe escrever seu nome, você pode pedir:
EXEMPLO:
1)Escreva seu primeiro nome.
2)Escreva a terceira letra de seu nome.
3)Escreva apenas seu sobrenome.
D08.Escrever palavras
ditadas demonstrando conhecer o princípio alfabético.
O que se espera de um aluno que tenha desenvolvido essa
capacidade é que ele consiga estabelecer adequadamente as relações entre os
fonemas (os sons) e os grafemas (as letras) do português. Palavras mais frequentes
no cotidiano dos alfabetizandos (aquelas que eles ouvem ou vêem com frequência).
Palavras que apresentem sílabas alternando consoantes e vogais também são mais
fáceis de escrever.
EXEMPLO:
1)Por exemplo: BOLA é mais fácil de ler do que BRIGA. Para
verificar se o aluno já consegue escrever certas palavras, você pode ditá-las
para ele, mas falando a palavra por inteiro, sem demorar excessivamente em cada
sílaba.
2)Pode também mostrar uma imagem ou objeto e pedir que eles
escrevam o nome.
D09. Ler palavras.
Pretende-se, aqui, verificar se o aluno é capaz de decodificar
uma palavra. Essa habilidade ode ser verificada individualmente, quando você
pede ao aluno que leia, em voz alta, algumas palavras que você vai apontando. Durante
a leitura em voz alta pode-se avaliar se a codificação é feita com ou sem fluência.
Isto é, se o aluno lê muito devagar, letra por letra, ou sílaba por sílaba é
porque ainda não tem fluência na leitura. A ausência de fluência também pode ser
marcada por hesitações e longas pausas.
EXEMPLO:
Mostre uma ficha de cada vez e peça ao aluno: Leia em voz
alta: SAPATO, PEDRA, CAMINHÃO. (Verifique se o aluno leu com fluência – isto é,
leu de uma vez só, ou se leu letra por letra, ou sílaba por sílaba).
D10. Ler em voz alta
uma sentença ou um texto.
Pretende-se, aqui, verificar se o aluno é capaz de ler uma
sentença ou um pequeno texto, em voz alta. Essa é uma capacidade a ser avaliada
individualmente. Mostre o texto para o aluno, peça que ele leia, primeiro,
silenciosamente e, depois, em voz alta. Durante a leitura, pode-se avaliar se a
decodificação é feita com ou sem fluência. A ausência de fluência é marcada por
lentidão, por hesitações e pausas.
EXEMPLO:
Leia em voz alta: PARE NO ACOSTAMENTO.
D11. Formular
hipótese sobre o conteúdo de um texto.
Quando o leitor usa boas estratégias para a compreensão de
um texto escrito, é capaz de adivinhar seu conteúdo mesmo antes de lê-lo
completamente, isso porque observa algumas pistas como o título, a imagem
(quando há desenhos ou fotos), a fonte do texto ou onde ele foi publicado,
entre outras. Essa é uma capacidade que ajuda o alfabetizando a ler melhor, por
isso precisa ser trabalhada na sala de aula e avaliada.
EXEMPLO:
1)Para verificar se o aluno possui essa capacidade, você pode
mostrar apenas o título de um texto para o aluno e perguntar: qual será o
conteúdo de um texto que possui um título como esse?
2)Você pode também chamar atenção do aluno para as imagens
ou para a forma do texto e fazer perguntas sobre o conteúdo que o texto pode
ter.
3)Outra tarefa interessante é ler uma parte de um texto (uma
história, uma notícia) e perguntar como pode ser o final.
D12. Identificar a finalidade
ou o gênero de diferentes textos e suportes.
Todo texto é escrito para cumprir um objetivo, uma finalidade.
Por exemplo, uma notícia quer informar sobre um determinado fato, um bilhete
apresenta um recado, um convite chama para participar de algum evento, um poema
provoca a emoção, um romance alimenta a imaginação. Reconhecer para que os
textos foram escritos é uma capacidade importante de leitura, mesmo quando o
aluno ainda não consegue decodificar o texto ele pode explorar suas finalidades.
EXEMPLO:
Para verificar essa capacidade você pode apresentar um texto
(carta) ao seu aluno e perguntar: Para que este texto foi escrito? Para
responder, o aluno pode observar quem o escreveu, em que suporte, qual é o assunto,
qual é a forma ou a configuração do texto, qual seu conteúdo. Em alguns textos é
preciso considerar mais de um desses aspectos, mas pode ser que apenas uma ou
duas pistas sejam suficientes para o aluno reconhecer com que finalidade o texto
foi escrito.
D13. Ler palavras silenciosamente,
processando seu significado.
Essa capacidade é diferente da que foi marcada no D9. Aqui,
o objetivo é verificar a capacidade de compreender. Isto significa que você vai
verificar se o aluno entende a palavra que ele lê.
EXEMPLO:
Para verificar essa capacidade, você pede ao alfabetizando
para ler silenciosamente a palavra e marcar o que ela significa. Isso pode ser
feito pedindo ao aluno para associar a palavra lida ao desenho que a
representa.
D14. Localizar uma informação
explícita em uma sentença ou em um texto.
O alfabetizando deve localizar uma informação em uma
sentença mais longa. O alfabetizando deve ser capaz, também, de localizar uma
informação em um texto, como por exemplo, num bilhete ou cartaz que contém
várias informações. Perguntas de localização, normalmente, buscam identificar o
Quê? Quem? Onde? Quando?
EXEMPLO:
Carlos: Tudo bem? Seu almoço está no fogão. Volto amanhã à
tarde. Não se esqueça de pagar a conta de luz. Abraço, Maria.
Perguntas: Quem mandou o bilhete? Quem recebeu o bilhete?
Onde está o almoço de
Carlos? Quando Maria volta?
D15. Inferir uma
informação .
Relacionando informações do texto com informações que fazem
parte de seu conhecimento prévio, o alfabetizando deve inferir uma informação
não explícita, mas que pode ser apreendida a partir de marcas presentes no
texto. Informações a serem inferidas não estão no texto, mas são permitidas ou
sugeridas por ele.
EXEMPLO:
A descrição de alguém que brinca com um chocalho, mama no
peito, chora constantemente de dor de barriga e ainda não tem dentes, permite
inferir que se trata de um bebê.
D16. Identificar
assunto/tema
O alfabetizando deve identificar sobre o que o texto fala ou,
a partir de uma compreensão mais global do texto, identificar seu tema central.
EXEMPLO:
Uma forma de avaliar essa capacidade é pedir ao aluno que
leia um texto e, depois, perguntar a ele: sobre o que o texto trata? ou qual é
o assunto do texto que você leu?
veja mais em: Matriz de referência proposta para Leitura e Escrita.
1 Comentários
Gostei muito dessa orientação.
ResponderExcluirComplemente esta postagem com suas sugestões. É sempre muito interessante enxergar outras formas de aplicação de determinada proposta ou os muitos pontos de vista de nossas leituras e reflexões.
Esperamos ansiosos sua colaboração!