Detalhamento dos descritores comentados de Matemática.
D01. Realizar
contagens de pequenas quantidades.
Com esse descritor, queremos saber se o aluno é capaz de
realizar a contagem de pequenas coleções de objetos (até aproximadamente 20
unidades), geralmente efetuadas contando um a um. Não há exigência ainda do
registro da contagem.
Parece ser uma coisa muito simples, mas se a pessoa tem dificuldades
nesse tipo de contagem, isso pode explicar outras limitações na compreensão do
número. Assim, embora quase todo mundo acerte quando essas tarefas são
propostas, convém que, ao receber seus alunos, o alfabetizador avalie se isso
já é mesmo uma tarefa tranquila para eles.
EXEMPLO:
Pode-se apresentar quatro gravuras ou fotos de reuniões de
família e perguntar quantas pessoas há em cada foto. Para uma questão de
múltipla escolha, pode-se pedir que o aluno indica-se a foto ou a gravura em
que aparecem quinze pessoas, por exemplo.
D02. Realizar
contagens de quantidades maiores (por agrupamento ou outras estratégias).
Nesse descritor, também avaliamos se o aluno é capaz de
efetuar contagens, mas, agora, vamos propor contagens de coleções maiores (com
50 objetos ou mais). Devemos identificar também se ele utiliza algumas
estratégias de contagem, como, por exemplo, o agrupamento. Isso será muito
importante para que ele compreenda e domine o modo de escrever os números
grandes, já que, no nosso sistema de numeração, o que registramos são agrupamentos
de dez (as dezenas), de cem (as centenas), de mil (as unidades de milhar), etc.
EXEMPLO:
Podemos apresentar, para a contagem, coleções que já estejam
organizadas em fileiras, como uma cartela de comprimidos, que pode estar
completa ou faltando alguns. E os que estão faltando, podem estar todos numa
fileira, ou espalhados pela cartela. Cada um desses detalhes aumenta o nível de
dificuldade da questão. O alfabetizador pode assim elaborar uma sequencia de
atividades desse tipo e ver quando é que a tarefa realmente se complica para o
seu aluno.
D03. Realizar
contagem de quantias em dinheiro com cédulas e moedas.
Com esse descritor, procura-se avaliar a capacidade do aluno
de contar quantias em dinheiro com cédulas de 20, 10, 5 e 1 reais e moedas de
50, 25, 10, 5 e 1 centavos.
EXEMPLO:
Apresentar ilustrações com notas e moedas e perguntar que
quantia tem ali. É mais fácil quando são poucas notas, ou só notas do mesmo
valor. Para ir dificultando é só aumentar a quantidade e a variedade das notas
envolvidas. Em atividades na sala de aula, pode-se usar também, dinheiro “de
mentira”, comprado em papelarias ou feito junto com os alunos, imitando notas
verdadeiras. Essa confecção é interessante, pois obriga todo mundo a prestar
atenção ao que vem escrito na nota, aos desenhos, às cores etc.
D04. Associar o
algarismo ao seu nome.
Esse descritor procura avaliar se o aluno reconhece os
algarismos, isto é, se ao ver o símbolo do algarismo, ele sabe dizer o nome
correspondente: 0 (zero), 1 (um), 2 (dois), 3 (três), 4 (quatro), 5 (cinco), 6
(seis), 7 (sete), 8 (oito) e 9 (nove). Isso é fundamental, pois, com esses dez
algarismos, todos os números podem ser escritos. Por isso separamos este
descritor dos seguintes, que se referem à escrita dos números, para que o
alfabetizador possa identificar se o aluno ainda tem dificuldades em reconhecer
os algarismos, o que praticamente impossibilitaria a leitura de números
maiores.
EXEMPLO:
Mostrar ao aluno uma foto de um jogador de futebol de
costas, com o uniforme da seleção brasileira, e o número estampado na camiseta
tem apenas um algarismo.
“Este é um jogador da nossa seleção. Qual é o número que está
estampado na sua camisa?” Pode-se também apresentar quatro listas com 5
algarismos, por exemplo, como aparecem nos exames de vista. O aplicador lê uma
delas e pede que o aluno mostre qual delas foi lida.
Nas atividades de sala de aula, pode-se pedir que o aluno
leia em voz alta as listas, como se fosse num exame de vista.
D05. Ler números
naturais de 2, 3 ou 4 algarismos.
Com esse descritor, procura-se avaliar se o aluno sabe ler
números de dois algarismos (por exemplo, 17, 38, 60, 99), números de três
algarismos (por exemplo, 128, 400, 701, 999), ou números de quatro algarismos
(por exemplo, 1287, 2000, 5045, 6009, 7500, 8702, 9999). Para ler esse tipo de
número, é preciso entender como funciona o sistema de numeração que usamos, ou
seja, as regras para se escrever e se ler os números. Assim, o aluno tem que
saber que o número 35, composto pelos algarismos 3 e 5, representa (30 + 5)
objetos.
As tarefas propostas para avaliar a habilidade de ler
números sempre envolverão uma situação em que se apresenta um número que a
pessoa deve ler, ou tarefas em que o aplicador do teste diz um número
(“Quinhentos e quinze”, por exemplo) e o aluno deve indicar, entre vários
numerais (50015, 505, 515, 5015, por exemplo), qual deles é o quinhentos e
quinze.
As tarefas aqui podem envolver diferentes níveis de dificuldade.
Números com dois algarismos, em geral, são mais fáceis de ler do que os que têm
três algarismos; números de três algarismos ou quatro algarismos, mas que não
têm zeros são mais fáceis de ler do que quando aparece o zero; se o zero
aparece no final, o número é mais fácil de ler do que quando o zero aparece no
meio.
EXEMPLO:
Mostrar ao aluno um desenho de várias casas, cada uma tem um
número numa placa acima da porta. O aplicador fala: “Veja estas casas. Cada uma
delas tem seu número escrito na placa acima da porta. Qual delas é a do número
setenta e oito?” Com o mesmo enredo, pode-se fazer questões com vários níveis
de dificuldade:
Nível 1 de dificuldade: O número tem 2 algarismos;
Nível 2 de dificuldade: O número tem 3 algarismos sem zero ou
com zero só no final;
Nível 3 de dificuldade: O número tem 4 algarismos sem zero ou
com zero só no final;
Nível 4 de dificuldade: O número tem 3 ou 4 algarismos com
zero no meio;
D06. Ler números
decimais que expressam valor monetário.
Esse descritor procura avaliar se a pessoa é capaz de ler
preços e outros registros de dinheiro, nesse caso, de quantias menores que 100
reais. A ideia é que as questões apresentem situações que os alunos enfrentam
no dia-a-dia, diante de etiquetas de preços nos produtos ou nas bancas do
comércio, quando vêem propagandas na TV, nas vitrines, ou em cartazes e
folhetos, quando recebem uma nota de compra ou contas de serviços, ou quando
conferem registros na carteira ou num contrato de trabalho.
EXEMPLO:
A questão pode envolver uma liquidação de roupas de frio,
com várias peças, cada uma com sua etiqueta de preço. O aluno terá que escolher
a que custa um certo valor que o aplicador vai falar: “doze reais e oitenta
centavos”, por exemplo.
D07. Escrever números
de 2, 3 ou 4 algarismos.
Procura avaliar a capacidade de registrar (escrever usando
algarismos) números que são falados por alguém. No caso do teste, o aplicador
deve falar o número para que os alunos escrevam. É preciso estar atento aos
níveis de dificuldade da atividade.
Nível 1: O número tem 2 algarismos (Por exemplo, 23, 78, 31)
Nível 2: O número tem 3 ou 4 algarismos sem o zero
intermediário (Por exemplo, 125, 340, 1500, 1973)
Nível 3: O número tem 3 ou 4 algarismos com o zero
intermediário (Por exemplo, 102, 1030, 2001)
No teste, pode-se usar um ditado simples de números. Por
exemplo: o aplicador diz o número “cento e dois” e apresenta como opções de
resposta: 1002, 102, 120, 2100 ou pede que o aluno escreva o número.
É importante recorrer, também, a números inseridos em algum
contexto.
EXEMPLO:
Dizer o ano de nascimento de uma pessoa conhecida, a idade
de alguém, etc., e pedir que os alunos o escrevam ou localizem o número
correspondente numa lista.
D08. Comparar números naturais (escritos no sistema de numeração decimal).
Este descritor avalia a capacidade de comparar números
escritos com algarismos.
Por exemplo, qual é o maior: 110 ou 108? É importante que a
comparação seja feita com base apenas no registro dos números, sem o uso de
materiais, como dinheiro ou fichas, para que se avalie se o aluno entende as
regras do sistema de numeração.
EXEMPLO:
Pode-se usar inúmeros contextos envolvendo medidas. Por
exemplo, a compra de fi tas para fazer enfeites para uma festa da comunidade.
Cada morador compra uma certa quantidade de metros de fi ta. As quantidades
estão escritas no pacote de cada um. Os pacotes são do mesmo tamanho. Sem abrir
o pacote, sem pegar nele, como sabemos, só lendo os números, em que pacote tem
mais fita. É importante variar os “tipos” de resposta para verificar se o aluno
sabe que um número com três algarismos é sempre maior que um número com dois
algarismos, comparando 76, 99, 101 e 29.
Em casos de comparação de números com a mesma quantidade de
algarismos, busca-se avaliar se o aluno percebe que é preciso começar a
comparação a partir da ordem maior (centena, por exemplo) para a ordem menor
(unidade): 321 é maior do que 123.
D09. Comparar números
decimais que expressam valor monetário.
Procura-se avaliar a habilidade de comparar preços de
produtos, registrados por escrito.
EXEMPLO:
Elaborar um folheto com a ilustração de vários pacotes de
feijão, de mesmo “peso” (1kg, por exemplo), mas marcas diferentes, e seus
respectivos preços.
Pergunta-se, então, qual dos produtos está mais barato na
loja.
Pode-se, ainda, mostrar o preço de um mesmo produto (mesma
marca e “peso”) vendido em lugares diferentes e perguntar em qual lugar o
produto está mais barato.
D10. Resolver
problemas envolvendo adição ou subtração de números naturais ou de quantias em
dinheiro por qualquer método, para a produção de uma resposta aproximada.
Este descritor pretende verificar se o aluno consegue
resolver um problema em que é preciso fazer uma conta de adição (somar) ou de
subtração (diminuir)r, chegando a um resultado aproximado. O aluno não precisa
fazer a conta no papel, nem dar um resultado exato. Queremos ver se ele sabe
calcular “de cabeça” mais ou menos, a resposta do problema.
EXEMPLO:
Informar o preço de um quilo de feijão, de um quilo de
farinha e de um quilo de açúcar. O aluno terá que escolher com que nota deve
pagar para cobrir o custo de um quilo de cada coisa, recebendo de volta o menor
troco. As notas apresentadas como opções podem ter valor menor do que a compra
e maior do que a compra e o aluno vai escolher a que mais se aproxima desse
valor, sem faltar dinheiro. Mas ele não precisa calcular o valor exato da
compra.
D11. Resolver
problemas envolvendo adição de números naturais ou de quantias em dinheiro por qualquer
método, para a produção de uma resposta exata.
Serve para avaliar se o aluno sabe resolver um problema em
que ele terá que somar dois ou mais números ou quantias em dinheiro e chegar à
resposta exata.
O aluno pode fazer a conta de cabeça, por escrito, contando
nos dedos ou por qualquer outro método.
EXEMPLO:
24 passageiros pegaram um ônibus para fazer uma viagem. Na
primeira parada, subiram mais 13 passageiros. Quantos passageiros estão no
ônibus, depois da primeira parada?
Se os números forem, por exemplo, 18 passageiros no ônibus e
entram mais 15, o problema já fica mais difícil por causa do “vai-um”.
D12. Resolver
problemas envolvendo uma subtração de números naturais ou de quantias em
dinheiro por qualquer método, para a produção de uma resposta exata.
Para verificar se o aluno sabe resolver um problema em que é
preciso fazer uma conta de subtração (diminuir) para chegar à resposta exata. O
aluno pode fazer a conta de cabeça, por escrito, contando nos dedos ou usando
qualquer outro método.
EXEMPLO:
Paulo pagou, com uma nota de 5 reais(R$5,00), uma passagem
de ônibus que custava 2 reais(R$2,00). Quanto recebeu de troco?
Mudando os valores, o problema pode ficar mais difícil: Paulo
pagou com uma nota de 2 reais(R$2,00) uma passagem de ônibus que custava um
real e setenta centavos(R$1,70). Quanto recebeu de troco?
Ou ainda: Paulo pagou com uma nota de 5 reais uma passagem
de ônibus que custava dois reais e trinta centavos. Quanto recebeu de troco?
D13. Resolver, por
qualquer método, problemas envolvendo uma multiplicação, com a ideia de adição
repetida, e em que o multiplicador é um número natural menor do que 10.
Não se quer avaliar se o aluno sabe efetuar a “conta de
vezes” (multiplicação) no papel, ou se ele sabe de cor a tabuada e, sim, verificar
se ele percebe a ideia da multiplicação ao constatar que há uma repetição das
parcelas a serem somadas.
Por isso, estamos limitando o número de parcelas repetidas
em até 10.
EXEMPLO:
Mostrar a imagem de tabuleiros de padaria, usados para assar
broas, sobre uma mesa. São cinco tabuleiros e em cada um deles aparecem 6
broas. Quantas broas há sobre a mesa? Não é necessário que o aluno resolva esse
problema multiplicando 6 por 5. Ele pode usar outros métodos, como a adição de
cinco parcelas iguais (6 + 6 + 6 + 6+ 6).
Se o número de broas por tabuleiro aumenta, o problema
ficará mais difícil. Por exemplo, em cada tabuleiro tem 15 broas ... Em cada
tabuleiro tem 24 broas ...
D14. Resolver, por
qualquer método, problemas envolvendo uma divisão com a ideia de partilha, em
que o divisor é um número natural menor do que 10.
Não se quer avaliar se o aluno sabe fazer “contas de
dividir” no papel ou se ele sabe a tabuada de cor, mas, sim, avaliar se ele
reconhece a ideia de divisão, percebendo que se trata de uma partilha em partes
iguais. Para isso, pode-se usar problemas que envolvem divisões simples, já que
o objetivo não é verificar se o aluno domina a técnica de fazer divisões. Esses
problemas podem remeter a contextos familiares aos alunos.
EXEMPLO:
Um grupo de quatro pessoas se juntou para bordar uma colcha.
A colcha será vendida e o dinheiro repartido igualmente entre elas. Se a colcha
for vendida por 80 reais (R$80,00), quanto cada pessoa receberá?
Esse problema pode ser resolvido efetuando 80 ÷ 4.
Entretanto, o aluno pode usar outros métodos, como distribuir o dinheiro de 10
em 10 e verificar quanto cada pessoa recebeu.
No caso de uma questão de múltipla escolha, pode-se
apresentar como alternativas, além da resposta certa, o número 2 (obtido
dividindo apenas a dezena), o número 76 (subtraindo 4 de 80) e o número 84
(número maior que 80, que deveria ser descartado imediatamente pelo aluno) .
As dificuldades aumentam se o problema envolver centavos.
D15. Resolver
problemas envolvendo a adição de produtos de números naturais (menores do que
10) ou de número natural (menor do que 10) vezes um número decimal representando
quantias em dinheiro.
Avaliar como o aluno resolve um problema em que, para chegar
à resposta, tem que primeiro fazer algumas contas de vezes (multiplicar), e
depois somar os números que encontrou. O aluno pode fazer as contas de cabeça,
por escrito, usando a calculadora ou qualquer outro método.
A dificuldade não está só em fazer as contas, mas em
organizar as etapas para resolver o problema.
EXEMPLO:
Propor ao aluno um problema do tipo: Joana quer comprar duas
calças, três blusas e um par de sapatos. Informar ao aluno quanto custa a
unidade de cada coisa. Ele vai ter que calcular o gasto total de Joana com sua
compra, usando qualquer método.
D16.Resolver problemas
envolvendo uma sucessão de operações de adição e subtração
Avaliar se o aluno sabe resolver um problema em que, para
chegar à resposta, ele terá que fazer mais de uma conta. Pode ser uma adição e,
depois uma ou mais subtrações; pode ser duas ou mais adições; pode ser duas ou
mais subtrações; pode ser, primeiro, uma subtração e, depois, uma ou mais
adições. Nesses casos, o resultado de uma conta será usado na outra conta. A
principal habilidade a ser verificada é a capacidade de planejar esses passos e
executá-los sem fazer confusão.
EXEMPLO:
Propor ao aluno um problema como o seguinte: Numa noite,
quando começou a aula, havia 15 alunos na sala. Meia hora depois, tinham
chegado mais 8 alunos. A professora notou que 6 alunos saíram antes do fim da
aula. Quantos alunos estavam na sala quando a aula acabou?
1 Comentários
Essas orientações são indispensáveis para orientar a aprendizagem das crianças com dificuldades. Obrigada pelas ideias.
ResponderExcluirComplemente esta postagem com suas sugestões. É sempre muito interessante enxergar outras formas de aplicação de determinada proposta ou os muitos pontos de vista de nossas leituras e reflexões.
Esperamos ansiosos sua colaboração!